Bob Esponja: O Incrível Resgate - Novos ares para uma velha franquia

Novas ideias em uma velha franquia, é isso que Bob Esponja: O Incrível Resgate apresenta, mas será que existe espaço para mudanças em uma saga que existe há mais de 20 anos?

21/11/2020 Última edição em 21/11/2020 às 05:52:34

Recentemente, estreou na Netflix o mais novo filme da esponja do mar mais famosa do mundo. Bob Esponja: O Incrível Resgate foi uma produção pensada para o cinema, mas que acabou tendo que ser lançada através de uma parceria com a Netflix por causa da falta de cinemas abertos em todo mundo. O novo longa-metragem é o primeiro da série sem envolvimento de Stephen Hillenburg, o criador do Bob Esponja, que travou uma grande luta contra a esclerose lateral amiotrófica, até falecer em 2018, com apenas 57 anos.

Esse novo filme é um grande tributo ao trabalho de Stephen Hillenburg, trazendo toda a essência divertida da série e uma trama que, apesar de não ser nada inovadora, serve muito bem para guiar os personagens em sua jornada. Bob Esponja: O Incrível Resgate planta várias novas ideias para a franquia, o que a série animada já não tem feito há muito tempo. O problema disso, é que a maioria dessas novas ideias são colocadas ali para no futuro renderam alguma animação derivada, algo que Stephen Hillenburg era abertamente contra. 

Bob Esponja é um desenho muito episódico, as tramas de um capítulo normalmente não se conectam com o outro. A real ligação entre os episódios, está nos personagens e também naquele universo, que contém alguns conceitos que nunca mudam, o que é bom para garantir que não estraguem o desenho, porém acaba deixando as coisas um pouco saturadas. O novo filme continua sendo ambientado naquele universo, e trabalha os mesmos personagens, porém ele faz algumas boas mudanças, mostrando a infância de Bob Esponja e alterando alguns fatos estabelecidos. É como um Reboot parcial.

A história é muito simples, basicamente acompanhamos Bob Esponja e Patrick indo resgatar o caracol Gary, que foi sequestrado e levado para fora da fenda do bikini. Por não estar necessariamente ligado à série animada, esse filme tem a vantagem de poder trazer alguns novos conceitos, como o rei Poseidon e a cidade perdida de Atlantis. Infelizmente, essas novidades dificilmente serão exploradas na série animada, que tem muito medo de inovar, porém, é possível que nós vejamos algumas das novidades sendo novamente aproveitadas nos derivados que surgirem a partir desse filme.

Uma mudança que já percebemos logo de cara nesse novo longa-metragem é que seu visual é completamente diferente do da animação clássica. Enquanto Bob Esponja continua naquele estilo de desenho 2D, o novo filme é completamente 3D e apresente um visual muito mais sofisticado, que não deve em nada para as animações da Disney e Pixar. Os novos cenários são bastante realistas, criando um belo contraste com os personagens, que mantém a essência do original, mas obviamente tem um traço de animação completamente novo. 

Bob Esponja é uma série que já marcou várias gerações, mesmo ficando presa aos personagens e conceitos antigos, as crianças de hoje ainda gostam de assistir o desenho, exatamente como era 20 anos atrás. Com isso, mudar acaba sendo uma tarefa muito difícil, afinal, uma pequena alteração pode ser suficiente para acabar com o apelo da série para as novas gerações. Então é ótimo que vejamos um filme da franquia criando algo que se parece com um universo próprio, onde seus acontecimentos influenciam nos derivados, mas não atingem a série principal.

Kamp Koral é o primeiro desses derivados, prometendo mostrar mais do acampamento de verão que Bob Esponja esteve na infância. Nós vimos um pouco dele em alguns ótimos Flashbacks durante esse último filme, o que obviamente era uma forma de impulsionar essa nova série, que deve ser muito semelhante com o filme em vários aspectos, inclusive no visual. É triste pensar que bastou Stephen Hillenburg falecer para começarem a trabalhar em derivados da série, mas pelo menos esses Spin Offs não parecem afetar diretamente a animação principal, então a principal criação do animador permanecerá intacta ao mesmo tempo em que irão sugar ao máximo o universo dessa franquia.

Como um tudo, esse novo filme é um ótimo recomeço. Se Bob Esponja já tivesse chegado ao fim, o filme poderia muito bem ser um reboot, e talvez funcionaria até melhor se essa fosse a ideia. Mas expandir o universo da franquia não é necessariamente ruim, ver os personagens que já conhecemos há tanto tempo se conhecendo foi incrível, principalmente se conseguirmos separar o filme da série animada. Vendo esses dois como duas coisas diferentes, talvez Bob Esponja realmente tenha um futuro promissor, onde a série principal continue jogando no seguro, enquanto as outras produções se dedicam a trabalhar coisas novas e dar sequência ao filme.

Está pronto para ver coisas antigas de um jeito novo? Então te recomendo fortemente assistir Bob Esponja: O Incrível Resgate. Caso contrário, talvez seja melhor permanecer assistindo o bom e velho Bob Esponja da TV, que apesar de ter seus problemas e não estar em sua melhor fase, ainda contém uma magia absolutamente única, onde até nos piores episódios, existem momentos muito engraçados e divertidos. Apesar do falecimento de Stephen Hillenburg, suas criações são imortais e continuarão divertindo a nós, como também as próximas gerações, afinal, o animador criou um belo e mágico mundo, onde histórias que agradam tanto adultos quanto crianças podem ser contadas. 




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