Review: Alan Wake
Análise do jogo de terror psicológico Alan Wake que chegou inicialmente ao Xbox 360 e, mais tarde, recebeu versão para PC. Durante o jogo, exploramos a jogabilidade, o enredo, a trilha sonora, os gráficos e a ambientação dando uma nota para cada quesito. Confira aí!
Alan Wake é um daqueles jogos difíceis de esquecer e que consegue criar uma conexão entre o jogo e o jogador, explorando de maneira profunda o enredo e a trilha sonora para enriquecer a jogabilidade. Foi desenvolvido pela Remedy Entertainment, a mesma produtora da série Max Paine, e publicado em 2010 pela Microsoft Game Studios para o Xbox 360, chegando mais tarde também aos PCs com ajuda da desenvolvedora Nitro Games. Esta review é sobre a versão lançada para PC.
É complicado falar sobre o enredo de Alan Wake, porque boa parte da sua estória é bem confusa e misteriosa. O jogo é um terror psicológico e foi organizado como uma série de TV dividido em 6 episódios, onde o roteiro, escrito por Sam Lake, foi baseado em estórias do escritor Stephen King. O jogo conta também com dois capítulos adicionais lançados em forma de DLC, além de um spinoff chamado American Nightmare.
Alan Wake é um escritor best-seller que viaja com sua esposa, Alice, para a cidade de Bright Falls e vão para Cauldron Lake, uma cabana nas montanhas onde ficam hospedados. Após uma discussão entre o casal, Alan sai de casa para espairecer a mente quando então ouve Alice gritar por socorro. Quando retorna à cabana, Alice desaparece misteriosamente, o que o faz iniciar uma busca atrás de seu paradeiro. Neste momento, realidade e ficção se misturam, pois o escritor começa a encontrar em seu caminho páginas de um manuscrito sobre uma estória que ele nem mesmo se lembra de ter escrito, e tudo o que ele escreveu passa a acontecer bem diante dos seus olhos.
Assim como outros jogos de terror psicológico, como a série Silent Hill e Fatal Frame, a narrativa é confusa e somente aos poucos vai se tornando mais clara, e em Alan Wake isso acontece através dos memorandos que encontramos no jogo (as páginas do manuscrito), por meio de cinemáticas e de diálogos que ocorrem ao longo dos episódios. Com o tempo, descobrimos que Alan Wake se tornou o personagem da própria estória e que precisa lutar contra a ação de uma presença misteriosa e sobrenatural, que está afetando a realidade a sua volta e que parece estar por trás do desaparecimento de sua esposa. Para neutralizar a influência desta presença misteriosa, ele utiliza a luz.
O gameplay de Alan Wake é diferente de muitos outros games, onde utilizamos a luz como mecânica principal para neutralizar a influência da presença misteriosa, que cria diferentes obstáculos envolvidos por sombras para evitar que o jogador tenha progresso e salve Alice. Porém, é possível ver os elementos essenciais de um jogo de terror psicológico, como a escassez de recursos para sobreviver, uma estória confusa e contada aos poucos através de memos e algumas situações sobrenaturais que geram conflitos internos dentro do personagem.
O principal item que usamos, como se a nossa própria vida dependesse dele, é uma lanterna que enfraquece os adversários, conhecidos como Taken. Após remover a sombra que os envolve e os protege, eles se tornam vulneráveis a ataques comuns com o uso de armas, como revólveres e rifles, que coletamos pelo caminho. Além da lanterna, que podemos recarregar com baterias, também usamos armas sinalizadoras, granadas de luz e fazemos o uso da iluminação de postes e refletores para derrotarmos os oponentes que surgem não apenas na forma humana (não se engane!), mas também como objetos do cenário, que são controlados pela IA e se comportam como se tivessem vida própria.
A visão da câmera é em terceira pessoa e podemos usar ao mesmo tempo a lanterna, que também funciona como mira, e diferentes tipos de arma. O jogo traz efeitos de câmera lenta que realçam ainda mais a jogabilidade e cria uma atmosfera de suspense, uma vez que os cenários por onde passamos são escuros e os inimigos surgem de forma inesperada por trás de árvores e rochedos, geralmente em bandos e fazendo uma emboscada.
Quando você está rodeado de adversários, muitas vezes é mais inteligente criar uma distração com algum sinalizador e sair correndo até localizar o próximo checkpoint (um poste de luz) do que enfrentá-los um a um. Isso porque a Inteligência Artificial dá bastante trabalho e os recursos são escassos, podendo acabar antes mesmo que notemos. Os inimigos são velozes e bem agressivos, mas felizmente é possível esquivar de seus ataques, como os frequentes golpes de machado ou um vagão de locomotiva que é lançado na nossa direção. Mas todo cuidado é pouco!
A movimentação é bem fluída e os controles de jogo são bem elaborados, principalmente nas ações de combate. Além disso, também podemos dirigir carros, subir escadas, pular, acionar dispositivos e empurrar objetos. A posição do personagem na tela, mais voltado para o lado direito, permite uma visibilidade muito boa do cenário como um todo.
Muitos jogos trazem tutoriais que tornam a jogabilidade cansativa, mas os tutoriais de Alan Wake são bem agradáveis, porque estão alinhados com o enredo do jogo. O nível de dificuldade também é balanceado e a progressão acontece de maneira suave, onde aos poucos vamos aprendendo ações básicas e como utilizar um novo item assim que o coletamos. Mas apesar do balanceamento, é comum o jogador morrer algumas vezes até conseguir chegar ao próximo checkpoint em algumas situações. Na tela, temos uma espécie de bússola que sempre aponta para onde devemos ir em seguida, e indicadores dos status dos nossos itens, como a quantidade de baterias que restam na nossa lanterna e a munição disponível.
Em certos momentos, alguns personagens nos ajudam fazendo parecer que estamos jogando em um modo cooperativo, muito útil quando enfrentamos muitos adversários. Barry, melhor amigo do escritor, e Sarah Breaker, uma policial, são dois NPCs que nos acompanham por algum tempo. Já Thomas Zane, uma luz misteriosa, guia e ajuda Alan a vencer os inimigos ao longo do jogo, lhe dando pistas e ensinando coisas importantes.
A ambientação em Alan Wake é digna de um filme de terror, onde temos efeitos especiais, muita névoa, tempestades, casas e vilas assombradas, incluindo diálogos ameaçadores, que no início nos deixa com receio de avançarmos para algum cenário desolado e sombrio. Mas depois, à medida que nos acostumamos com os controles (o que deixa tudo mais divertido), ganhamos confiança para seguirmos em frente e chegarmos até o final da estória. A maior parte do jogo se passa à noite e andamos bastante por bosques e estradas. Já nos cenários diurnos, conseguimos ver também o excelente trabalho de modelagem nos efeitos espelhados da água, nos reflexos do sol, nas construções e em outros objetos da fase. Os gráficos são incríveis para a época em que o jogo foi lançado, e dependendo das configurações da sua máquina, você consegue melhorar ainda mais a qualidade da imagem.
Se por um lado o jogo impressiona nos efeitos de luz, como em explosões, e na sensação que nos causa de estarmos dentro de um filme vivenciando uma estória, por outro peca nas expressões faciais, que não se assemelham com uma atuação original. Contudo, o roteiro e a dublagem das vozes de Alan, Alice, Barry e outros personagens ajudam muito a aumentar o nível de imersão, sendo o principal motivo para dispertar emoção durante as cinemáticas. Um detalhe interessante na dublagem é que ela acontece em conjunto com o gameplay, sem interrupções, a não ser no caso de uma cinemática que está sendo mostrada, mas no geral elas são curtas e podem ser puladas. Na maioria dos casos, o jogador pode escolher entre ficar parado ouvindo o que está sendo contado ou simplesmente ignorar e continuar jogando.
É difícil não se emocionar e não criar uma conexão forte com o jogo. A trilha sonora contribui muito para isso também, com belíssimas composições instrumentais de Petri Alanko e musicas vocalizadas de outras bandas. Uma delas, Poets of the Fall, foi retratada no jogo com o nome Old Gods of Asgard e gravou uma melodia (The Poet and the Muse) que contou parte da estória e influenciou na jogabilidade.
Um contra talvez, mas que não diminui o brilho da obra, é a presença de poucos quebra-cabeças, o que poderia prolongar um pouco mais as horas de jogo e levar mais desafios ao jogador. Contudo, nós podemos alternar entre três níveis de dificuldade (fácil, normal e pesadelo) e também contar com dois capítulos especiais em forma de DLC para estender ainda mais a jogabilidade: The Signal e The Writer.
Muito mais pode ser dito sobre Alan Wake, mas eu prefiro convidar você para jogar e conhecer o jogo, caso não tenha jogado ainda. Tenho certeza de que vai te causar diferentes sensações e proporcionar uma experiência bastante interessante! A versão de PC você pode encontrar disponível pela Steam. Sem mais delongas, vamos às notas.
Pontuação
Jogabilidade: 9.0
Enredo: 9.0
Trilha Sonora: 9.5
Gráficos: 9.0
Ambientação: 10