Desenvolvimento de Jogos: os 3 pilares fundamentais

Desenvolvimento de Jogos é uma área fascinante e que continua evoluindo com o passar do tempo. Porém, desde os primórdios, 3 pilares sustentam todo o processo de construção de um jogo eletrônico. Vamos conhecer um pouco sobre eles.

31/08/2020 Última edição em 02/09/2020 às 10:00:29

Durante décadas, temos sido apresentados a universos fascinantes, com personagens inesquecíveis, histórias envolventes e muita interatividade. Muitos ficaram tão apaixonados por videogame que apenas jogar não tem sido o suficiente, sendo preciso desmistificar a criação, aprender a moldar e a construir mundos.

Se antigamente fazer jogos era algo desconhecido e restrito, apenas para um pequeno grupo de pessoas, hoje, com o advento e popularização de engines como Unity 3D e Unreal acessíveis ao público, desenvolver jogos tornou-se um hobby muito divertido para uns e uma profissão para aqueles que decidiram se aventurar nessa área. Desde algum tempo, desenvolver jogos se tornou um mercado promissor, e não falo apenas nas grandes produtoras, mas também para a indústria indie, que vem oferecendo boas oportunidades de crescimento e fazendo com que muita gente talentosa conquiste destaque na mídia e admiração dos jogadores, como é o caso de produtoras como a Playdead (Limbo e Inside) e a brasileira JoyMasher (Oniken e Odallus).

Se você tem o hábito de jogar (e eu espero que tenha), já deve ter notado ao final de alguns games a quantidade enorme de nomes que surgem nos créditos, cada um responsável por uma parte da produção do jogo, como a animação de personagens, a direção de arte, a inteligência artificial e por aí vai. Pois bem, é isso o que normalmente acontece em grandes produções realizadas pela Triple A, a elite de desenvolvimento de games. Porém, mesmo em produções menores que não dispõem de tantos recursos assim para criar, digamos, o próximo God of War, há três pilares fundamentais e que precisam ser levados em consideração por qualquer pessoa que deseje criar jogos que sejam divertidos de jogar, independentemente do tamanho da equipe e da produção, são elas: a arte, o design e a programação.

A Arte

Ouso dizer que nossa visão e audição nunca foram tão estimuladas quanto neste último século, e a tecnologia tem desempenhado um grande papel nisso. Com a evolução das ferramentas e o talento dos artistas, foi possível combinar os dois para produzir obras de arte incríveis.

A arte nos jogos envolve toda a parte visual e sonora que conseguimos perceber. O uso de texturas, as cores, as roupas, os cenários, as músicas, os sons do menu, as malhas e outros elementos combinados compõem a arte de um jogo eletrônico. É uma área muito sensível e, geralmente, é a primeira com a qual o jogador interage. Um deslize aqui pode fazer o jogo ir por água abaixo.

Com arte não devemos, contudo, entender que um jogo deve ter gráficos realistas e de última geração, mas sim que seus artistas demonstraram uma atenção especial para os detalhes que são responsáveis por nos fazer entender e admirar aquilo que vemos e interagimos na tela. Sejam gráficos pixelados ou monocromáticos, modernos ou retrôs, a habilidade que um artista possui de deter a atenção do jogador manipulando os gráficos e a própria trilha sonora têm gerado artes incríveis ao longo dos anos, como podemos ver em jogos como Castlevania: Bloodlines, Sonic: The Hedgehog, Limbo, Child of Light, Warcraft 3: The Reign of Chaos, Final Fantasy XII, Shadow of the Colossus e tantos outros.

Em jogos como Okami e The Legend of Zelda: Ocarina of Time, a arte também faz parte das mecânicas do jogo (design), influenciando diretamente na jogabilidade. No primeiro, as pinceladas são usadas para construir pontes ou até mesmo cortar objetos, enquanto que, no segundo, o som das notas produzidas pela ocarina de Link revela passagens secretas, transforma o dia em noite, fazendo chover, além de permitir viajar através do tempo. Esse é um exemplo de um bom casamento entre design e arte.

Com softwares de modelagem como Blender ou Maya e equipamentos como mesas  digitalizadoras, os ilustradores conseguem trabalhar nos personagens e incluir todo o tipo de efeito que precisam, fazer animações, cinemáticas e também podem criar os cenários que vão compor o universo do jogo.

 O Design

O design cuida da definição do jogo em si, levando em consideração escolhas como qual o estilo de jogo será adotado (se será um game de plataforma em 2D ou de estratégia com visão em perspectiva com gráficos isométricos, por exemplo), qual o enredo e a época em que o jogo vai ser ambientado, como as fases serão construídas, qual o ritmo de progressão do jogador à medida que ele avança, como vai funcionar o esquema de recompensas, qual é o objetivo da missão etc.

O level design, um aspecto muito importante do jogo, vai definir como será a experiência de jogo do início ao fim de uma fase, quais são os elementos de interação no cenário, quais os obstáculos, os chefes e como a história vai estar em equilíbrio com o mundo do jogo e com as habilidades dos personagens. A construção de um level design é uma combinação de criatividade com técnicas de planejamento e modelagem, bem parecido com o trabalho que um arquiteto realiza, em que precisa desenhar várias plantas do prédio que será construído e também definir as medidas, as proporções das colunas, a seleção dos componentes e outros tipos de detalhes que compõem o projeto.

Muito importante no design de jogos é a preocupação com a experiência de jogo, ou seja, que tipo de sensações, emoções e reações os designers esperam despertar nos jogadores, variando de acordo com cada gênero. Os designers usam técnicas de psicologia para entender como funcionam nossas emoções e como podem guiá-las ao longo de todo o jogo através das fases, manipulando elementos como o enredo, os diálogos dos personagens e a música para nos causar diferentes sensações.

 Programação

A programação é onde tudo acontece! É onde os jogos ganham vida. Sem a programação. tudo seria estático e sem interatividade e os planos não se tornariam realidade. É através da programação que as mecânicas de jogo definidas pelos designers são implementadas, onde as animações e os catálogos elaborados pelos artistas ganham vida e são transportados para dentro do jogo. Os programadores desenvolvem toda a lógica das regras do jogo, as ações, as colisões, a física, a iluminação, a velocidade e intensidade da execução da trilha sonora, o comportamento da inteligência artificial que reage às ações dos jogadores, o sistema de danos e pontuações, as explosões, as batalhas, a transição de uma cena para outra, entre muitas outras coisas.

Nos primórdios, as coisas eram mais complicadas do que nos dias de hoje e os programadores do passado precisavam extrair leite de pedra para desenvolver jogos. Havia muitas limitações tecnológicas, o que levava os desenvolvedores a serem criativos e trabalharem com o que tinham em mãos, utilizando de seus conhecimentos em programação para otimizar também o desempenho dos jogos. Um exemplo fascinante são os jogos que usam a técnica de pré-renderização, como os clássicos Donkey Kong Country (SNES) e Mario Kart 64 (N64). Os consoles da época não tinham memória suficiente para processar muitos elementos 3D na tela, então desenvolveram a técnica de pré-renderização, onde eram tiradas fotos dos modelos 3D e inseridas dentro do jogo como sprites em 2D. Isso realçava os gráficos, melhorando a qualidade da imagem e dava a ilusão de um 2D e meio, além de consumir menos memória, o que permitia que mais recursos fossem adicionados ao gameplay.

Com engines como Unity, Unreal, Xenko, Godot, Cry Engine e tantas outras opções disponíveis nos dias de hoje, sem falar de bibliotecas que oferecem funcionalidades para adicionar física e outros recursos aos jogos, muita coisa ficou mais fácil. Também há mais documentação e suporte de comunidades online do que antigamente e alguns Kits de Desenvolvimento de Software voltado para games não são tão restritos como eram antigamente. Hoje os desenvolvedores podem se concentrar mais nas regras e na lógica do jogo e deixar a parte pesada sob responsabilidade das ferramentas, como o gerenciamento de colisões e movimentos de corpos,  controle de luz, comunicação via rede, efeitos de névoa etc.

Essas três áreas (arte, design e programação) precisam andar juntas e de forma equilibrada para que o jogo funcione bem. Também existem outras áreas muito importantes que vão além destas que mencionamos que enriquecem ainda mais o processo de criação dos jogos, como cinematografia, dublagem, literatura e tantas outras, mas estas 3 áreas das quais falamos são as fundamentais, os pilares que, de uma maneira ou de outra, sempre estão presentes e influenciam no sucesso do jogo final. São elementos que precisam ser levados em consideração e avaliados com muito cuidado ao longo de todo processo de construção do game.

Obrigado pela leitura!




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