Geishas: Um Mundo Secreto

Confere aí!

27/06/2016 Última edição em 27/06/2016 às 00:00:00

Trago para vocês um especial sobre geishas, mulheres que, em sua grande maioria, são artistas. 

Sei que muitos pensam que Geishas são cortesãs, mas isso é um pensamento errado. Logicamente que, no passado, algumas quebravam a regra por se apaixonarem e eram excluídas do Hanamachi. Mas deixe-me levá-los através da história, mostrando o quanto o mundo das Geishas pode ser mágico, mas também doloroso.


Geishas entretendo seus clientes em uma casa de chá

Geishas, ou Geikos, apareceram em 794, no período Heian, e são famosos símbolos de sexualidade e beleza até hoje. Elas viviam no Hanamachi, que era o centro principal de todo o comércio, incluindo as casas de chá. Mas não se deixe enganar, elas são artistas, que dançam e entretém seus clientes.

Diferente do que muitos dizem, elas não são amantes ou esposas, apenas se apresentam com danças, músicas e os famosos rituais de chá. Seu foco principal era em Gion, Kyoto, pois na época havia uma grande concentração de casas de chá. E, com isso, havia um enorme número de geishas. Mas Gion não gerava somente em torno das geishas, havia também as Yujos, que eram cortesãs. As Yujos vivam em uma parte de Gion chamado o ‘Distrito do Prazer’ e, apesar de suas maquiagens e cabelos serem parecidos com as das geishas, o amarre do ‘Obi’ era na frente, pois assim ficava mais fácil amarrar e soltar quando fosse preciso.

Com esse problema, o governo então havia decido que as geishas viveriam e se sustentariam através de sua arte e não do sexo, as que queriam algo desse gênero, deveriam se retirar da profissão. Algumas que tentaram um relacionamento escondido e foram descobertas acabaram por ser expulsas de seus Okiyas (casas de geishas) e ficaram mal vistas pelo Hanamachi. 

Naquele tempo, existia também a adoção entre geishas. Uma geisha mais velha e experiente podia adotar uma menina e assim transformá-la futuramente em uma geisha, pagando pelos seus estudos e suas eventuais necessidades, assim, então, elas se tornariam ‘irmãs’. Esse ritual não demorava muito e, geralmente, eram feitas com poucas pessoas presentes. A menina sempre adotava o começo ou o final do nome da ‘irmã’, mas algumas recorriam à astrologia para saber se o nome traria sucesso e felicidade. Apesar das Geishas passarem esse aspecto de pureza, o caminho que muitas meninas passaram para chegar ao auge ou conseguir um lugar no mundo foi muito árduo. 

As Maikos (geishas aprendizes) sofriam muito com as provações para chegarem a serem Geishas, incluindo as variações no penteado, passando por 5 estágios: Wareshinobu, Ofuku, Yakko-shimada, Katsuyama e Sakko. Sendo o primeiro o mais popular entre as Maikos. Isso envolvia noites e noites dormindo em uma única posição para evitar que o seu penteado estragasse. Em alguns casos, eram colocados em volta do travesseiro, arroz. Caso ela dormisse e encostasse o cabelo no arroz, teriam um enorme trabalho para refazê-lo.

Entendam que naquele tempo não exista chapinha e produtos para alinhar o cabelo, mas havia um meio muito doloroso que envolvia óleo quente de camélia e um pente. Ele era passado rente ao couro cabeludo e, sem nenhuma dó, o cabelo era puxado até ser possível fazer o penteado.

Havia também as maquiagens que, na época, eram produtos à base de algas e arroz. Algumas geishas reclamavam de que o cheiro não eram bom e que faziam mal à pele. Mas também havia a questão das sobrancelhas, que, em alguns caso,s eram retiradas completamente por serem irregulares, sendo substituídas por algo parecido com o nosso lápis de olho.

E, para completar o look, os seus dentes eram pintados de preto para atrair uma atenção a mais aos seus lábios e à face branca. Essa prática foi abolida na era Meiji e acabou sendo usado somente em peças no teatro Kabuki.

Havia também uma leve diferença no amarre do "Obi": o da maiko era em estilo "darari" (longo), enquanto o da geisha era "taiko-musubi" (curto).


Maiko (esquerda) usando 'darari' e geisha (direita) usando 'taiko-musubi'

Seus quimonos eram sempre bonitos, com estampas e desenhos para cada estação do ano e para cada formalidade. Esses quimonos tinham várias camadas por debaixo do principal, deixando-o extremamente pesado. Por isso, muitas geishas necessitavam de ajuda de criadas ou de empregadas do okiya para se vestirem e para retirá-los.

Outra coisa que as geishas não falam muito é sobre o Mizuage, além de ser algo extremamente íntimo e um tabu na sociedade, ele envolvia a maturidade de uma maiko. Em um certo tempo de sua vida, o Mizuage (virgindade) de uma Maiko era leiloado pelo Okiya e, assim, o seu colarinho era trocado de vermelho para branco, conhecido como Erikae, fazendo com que ela deixe de ser uma maiko e vire uma geisha. O ato do Mizuage foi proibido em 1959.

Naturalmente, quando uma geisha é muito popular, ela pode ter o privilégio de ter um Danna, alguém que pagará por seu sustento e sua casa, criadas e maquiagem, e somente com ele poderá ter algum envolvimento sexual. Mas isso sempre evitando ter filhos. A maioria dos Danna tinham suas respectivas famílias, mas possuíam geishas. Caso ela engravidasse, o Danna era obrigado a pagar os custos médicos e remédios caso fosse necessário.


O mundo das geishas é muito bonito e também um grande mistério até hoje, muitas se recusam a falar. Talvez para não quebrar a magia ou simplesmente por ser algo íntimo e que pertença somente ao seu mundo. Matta ne.




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