Qual o verdadeiro problema com Gun Gale Online?
Gun Gale Online tem de tudo: bom desenho, abertura decente, personagens cativantes, lutas bem desenvolvidas... então por que não funcionou como deveria?
Há algumas semanas, optei por assistir um anime chamado Gun Gale Online, ou GGO, como é popularmente conhecido. Para quem não conhece, GGO é um anime spinn-off da famosa franquia do Sword Art Online, que enriqueceu a experiência de animes inspirados em games.
Na verdade, SAO trouxe uma série de temporadas ambientadas em diversos games, um deles o próprio GGO. Assim, era de se esperar que spinn-offs fossem surgir. Enfim, foi uma aposta boa da minha parte. Com toda certeza, não teria a riqueza de SAO, mas em 12 episódios eles claramente trariam algo relevante para assistirmos.
E foi aí, meus caros, que cometi meu primeiro erro. Presumi que seria uma obra de qualidade moderada. No primeiro episódio, não fui decepcionado. A abertura foi bem animada, e somos apresentados a um jogo onde uma dupla improvável (um grandalhao de 2m e uma mocinha toda de rosa medindo 1,3m) derrotam um time série em um campeonato multiplayer. Como estamos falando de um jogo, a fantasia rola solta. E tudo muito bem construído. Nos próximos 3 ou 4 episódios, somos apresentados à protagonista, ao ambiente GGO e aos personagens que irão atuar nesse spinn-off. Até aí tudo bem.
Como vocês devem saber, um anime possui diversas características que podem agradar ou desagradar o expectador: a trilha sonora, os personagens, os traços do anime, a riqueza de detalhes (ou a falta dela, caso faça sentido), entre outros fatores. Cada fã gosta de algo em particular. Mas o que é indiscutível e tratado com unanimidade entre fãs de animes é que o roteiro é a base sólida para tudo. Podemos ver a melhor abertura, com os melhores traços e vozes em anime, mas se a história for ruim, infelizmente os 22 minutos demoram a passar.
Gun Gale Online não tem problemas com roteiro, do tipo "furo no roteiro", personagens que são relevantes se tornando irrelevantes com o piscar dos olhos. Não. Gun Gale Online simplesmente não tem roteiro!
O anime traz dois campeonatos no jogo, e a protagonista, que usa rosa da cabeça aos pés, participa dos dois campeonatos. No primeiro, tem toda a ansiedade de estar em um campeonato online, e até que vemos a relevância da coisa toda. No segundo, a motivação dela é: derrotar a melhor amiga no jogo, pois, caso a melhor amiga perca de outra forma, ela irá cometer suicídio.
Mas elas não se conhecem na vida real. Quem diz isso é o amante platônico da moça, que iria se matar caso não vencesse um jogo. E tudo evolui a partir disso. Em retrospecto, "evolui" não é um termo adequado.
Amantes de games, acalmem-se. Sei que há muito drama com relação aos games, e uma carga emocional que pode chegar a ser exaustiva. Não estou desmerecendo problemas psicológicos em games. O que estou dizendo é que GGO superestimou este ponto a tal ponto que ficou exaustivo. Ficavam 20% dos episódios dizendo isso, e outros 20% fazendo a antagonista parecer louca desvairada, quase uma psicopata dos games. Isso porque ela atirava em inimigos. Em um jogo. Não real.
Para muitas pessoas, a realidade virtual é o local perfeito para idealizar o que não pode ser feito em sua vida real. Nem que seja de brincadeira. Há diversos relatos na internet de pessoas que colocaram personagens do The Sims em um quarto e simplesmente deletaram a porta para ver o que ia acontecer. Ou colocam nomes extremistas em guildas de games para fazer aquela graça-sem-graça-nenhuma. E todas estas pessoas saem do jogo e seguem com suas vidas normalmente. Mas não em Gun Gale Online.
O assunto fica tão tedioso que eles mencionam Sword Art Online sem parar, para ver se os fãs ficam com saudade e ignoram a falta de criatividade deste spinn-off.
Em Sword Art Online, lembrem-se que os personagens morriam na vida real caso morressem no jogo. Havia um perigo real ali. Em GGO, era apenas um jogo, e decidiram trazer a mesma carga emocional de SAO. Infelizmente, a motivação era diferente, e, dessa forma, fomos apresentados a um resultado abaixo do esperado.
Não estou dizendo que o anime foi ruim em tudo. Muito pelo contrário, ele foi bom em quase tudo. Design, trilha sonora, personagens carismáticos (incluindo a doidinha), agilidade nas cenas. Só falhou no que era mais interessante: enredo.
E falharam porque tentaram criar um Sword Art Online 2.0 quando já existia um SAO 2.0. Inclusive, SAO fez uma temporada ambientado em GGO, e eles tentam descobrir porque personagens morriam no game e morriam na vida real. Olha só que enredo, meus caros!
Ou seja, GGO conseguiu ser pior que SAO ambientado em GGO. E tinha tudo pra ser bom.
Meus queridos, esse post não deve ser entendido como uma contra-dica. Na verdade, aqui é um ambiente democrático de debate. Em que eu "falo" sem parar, vocês comentam, e eu nunca respondo rsrs
Mas falando sério agora, o objetivo aqui é discutir: o que realmente faz um anime ser bom?
Peguemos, por exemplo, um anime que geral ama e diz ser o melhor do mundo (sem nenhuma tendência do redator): Fullmetal Alchemist Brotherhood.
Em FMA Brotherhood, temos um excelente desenho, lutas bem trabalhadas, aberturas bem desenvolvidas com músicas excelentes. Mas, no fim do dia, o que faz FMA Brotherhood ser o melhor de todos é simplesmente o fato do enredo ser muito bom. E o mesmo se repete com tantos outros bons animes: Death Note, Hunter X Hunter, Attack on Titan, e por aí vai.
Gun Gale Online, enquanto spinn-off, focou na beleza gráfica de SAO, elogiada por todos, mas se esqueceu do essencial: plot. Eu costumo elogiar todo anime que assisto, simplesmente porque tem um enredo minimamente empolgante. Mas GGO exigiu demais de pouca coisa e resultou em um anime que nem vai pra listinha (sim, tenho uma lista) de melhores assistidos em 2021, e olha que estamos no primeiro quadrimestre do ano ainda.
Enfim, acredito que destaquei pontos que espero que vocês tenham gostado.