No tempo do NES, a história era outra

Confere aí!

28/02/2016 Última edição em 28/02/2016 às 00:00:00

Recentemente, decidi investir um pouco de tempo jogando os jogos do NES, mais conhecido no Brasil como Nintendinho ou Nintendo 8-bits, um dos primeiros consoles de mesa criado pela Nintendo. Já tinha ouvido falar antes que os jogos de NES possuíam um nível de dificuldade diferente do que estamos acostumados nas novas gerações, mas não imaginava que esse nível fosse tão elevado assim.

A semelhança entre as séries que nasceram no NES e as sequências que vieram depois é realmente impressionante, tirando algumas diferenças técnicas como os gráficos, a arte e a implementação das mecânicas, mas até mesmo nesse ponto há algumas semelhanças, como os sprites e movimentos usados em Super Mario Bros. (parecidos com os de Super Mario World) e os elementos presentes em The Legend of Zelda (parecidos com os de Ocarina of Time). Você tem a sensação de que está jogando o mesmo jogo, e isso é o que eles chamam de essência do game. Deixem-me compartilhar um pouco da minha pequena experiência com os jogos do NES...
 

Super Mario Bros.

Depois do grande sucesso dos arkades, Donkey Kong, lançado em 1981, a Nintendo decidiu criar um game exclusivo para o Jumpman, ninguém menos que o nosso velho e conhecido Mario Bros. A história é até parecida (salvar uma donzela em apuros), mas o mundo e os personagens são totalmente diferentes. Pular e correr, basicamente é isso o que fazemos, desviando e derrotando inimigos, entrando e saindo de encanamentos e enfrentando chefões. De certa forma, é o mesmo o que vimos em Super Mario World, porém o nível de dificuldade parece ser bem maior no primeiro título ou talvez eu ainda seja um pouco noob no NES, porque levei uns dois dias só para passar da primeira fase.
 

The Legend of Zelda

Tudo bem! Posso ter sido noob ao jogar Super Mario Bros., mas não fui quando joguei Zelda. O ritmo do jogo é totalmente diferente de outros títulos como A Link to the past e Ocarina of Time. Aqui, uma quantidade enorme de inimigos surgem de todos os lados disparando coisas em sua direção e, para completar, não há corações disponíveis o tempo todo para restaurar sua energia, até parece um terror de sobrevivência (só que sem zumbis, é claro). Nos jogos do Super Nintendo e do Nintendo 64, havia um tempo para o jogador se acostumar com a história e entender como funcionava os controles antes de enfrentar algum perigo e, cá entre nós, os primeiros inimigos não eram lá essas coisas, mas em Zelda de NES, nossa! O que me vem à cabeça é que estes jogos foram lançados com um público alvo diferente em mente. Ainda sim, a magia e o encanto de Zelda podem ser notados em qualquer um dos seus jogos, já que a essência, aquilo que os torna únicos, é a mesma.

Zelda foi bastante inovador para época, trazendo um gênero de exploração combinado com aventura e ação, onde uma quantidade enorme de itens estavam disponíveis para usar e você tinha a sensação de que estava realmente progredindo conforme a história se desenrolava, além de prender a atenção do jogador durante várias horas seguidas.
 

Islander

A primeira impressão que tive sobre Islander era a de que ele fosse uma cópia mal feita de Mario, e admito que foi um grande erro que cometi ao pensar isso. Logo nos primeiros contatos, ele te prende de tal forma que você quer jogar de novo. O estilo plataforma é bem parecido com Super Mario Bros., com deslocamento lateral da esquerda para a direita, pulando e desviando de obstáculos, mas ele te dá itens, como um machado para atirar nos inimigos e um skate para você acelerar e desviar das coisas. E, diferente de Mario, temos até uma barra de vida, o que o torna um pouco mais interessante.

O lançamento de Super Mario Bros. foi tão importante para época que ele praticamente definiu uma espécie de padrão a ser seguido pelos outros jogos do mesmo gênero, tendo o próprio Islander incorporado alguns dos seus elementos, inclusive a tela de início, que é quase a mesma. A impressão é a de que Islander foi construído sobre o Super Mario Bros. Mas não nos enganemos, Pitfall já havia surgido antes para o Atari 2600 e com características bem parecidas.
 

Galaga

Ouvi falar desse jogo quando assisti ao primeiro filme dos Vingadores (agente Romanoff *---*), onde um cara jogava esquanto estava trabalhando. Enfim, a curiosidade me levou até ele. Comecei a jogar e uau!, era bem parecido com Space Invaders, só que com uma velocidade maior e mais interação com os inimigos. Trata-se de um space shooter muito maneiro, onde você se movimenta para os lados e atira, subindo de nível conforme derrota criaturas do espaço (que mais parecem animais que existem na Terra). Os gráficos são rudimentares, as mecânicas também e mal percebemos que avançamos de level, a não ser por uma mensagem que aparece na tela indicando ao jogador o estágio em que ele se encontra, mas fora isso, Galaga é um ótimo jogo, aliás, essas coisas que mencionei nem parecem deficiências técnicas, mas sim algo que dá graça ao game.


Jogando os jogos do NES percebi algumas coisas: a primeira é que existia (e ainda existe) muita coisa boa nos anos 80 e que precisa ser resgatada; a segunda é que os programadores e designers (naquela época eles já estavam surgindo), assim como os artistas, eram geniais, porque conseguiam transformar ideias em realidade com limitações tecnológicas que sequer existem hoje. E eram jogos divertidíssimos, com um desafio que muitas vezes não encontramos nos títulos mais recentes. E não estou falando de desafios que frustam o jogador, fazendo com que ele (ou ela) deixe o jogo de lado após um tempo, mas sim de desafios que te estimulam a persistir até conseguir vencer, e não são todos os games que conseguem fazer isso.

Gostaria de falar mais sobre o NES, só que antes preciso jogar mais. Ouvi boatos de que jogos como Castlevania, Mega Man e Metroid nasceram no NES. Como assim? Ninguém tinha me avisado antes! Se eu soubesse disso... eu... Bem, acho que ainda dá para recuperar o tempo perdido. 

Isto não chega a ser um tributo ao Nintentinho (um dia chegaremos lá), mas considere como uma forma de lembrar desse videogame que fez tanto sucesso e que ainda é motivo de admiração por muitos jogadores retrô e que inspira os desenvolvedores indies. Caso você não tenha a oportunidade de jogá-lo ainda, espero que isto tenha despertado a sua curiosidade, mas não se engane, não há atalhos ou caminhos fáceis para zerar os títulos do NES. Não há lugar para turistas neste console.

Até a próxima! 




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