Marvel Fase 4: ranking do pior para o melhor filme
UCM encerra mais uma etapa cheia de altos e baixos
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Pantera Negra: Wakanda Para Sempre marca o fim da Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel (UCM) que iniciou no ano de 2021 com o filme Viúva Negra. A fase em questão é a primeira da chamada Saga do Multiverso, que promete ter Kang, o Conquistador, como “o novo Thanos”. Em meio a altos e baixos, a etapa mais recente se consolidou como a mais divisória desde a origem do UCM, com opiniões divergentes que geraram (e vão continuar gerando) debates calorosos.
Me foi dada a difícil tarefa de fazer um ranking desta fase e para começar já digo que não considero que esta seja a avaliação definitiva. Algo muito bom que obras assim proporcionam é o debate de pontos positivos e negativos, sendo exatamente este o meu objetivo. Mesmo que eu tenha opiniões um tanto fortes, sobretudo com relação aos que considero os piores da fase, estou aberto a ser convencido do contrário. Ok, agora chega de desculpinhas para me proteger de ataques.
Só avisando também que optei por não colocar as séries do Disney+ e os especiais, pois julgo que existe potencial para um ranking próprio levando em consideração apenas estas produções (alô equipe Blast! estou tirando essa responsabilidade das minhas costas, hein!).
7º lugar - Thor: Amor e Trovão (2022)
O quarto longa do deus do trovão pode ser classificado como uma tentativa da Marvel Studios de fazer uma autoparódia, mas que diferente de seu antecessor, Thor: Ragnarok (2017), não conseguiu balancear humor e narrativa concisa. O diretor Taika Waititi, que assina também o roteiro junto de Jennifer Kaytin Robinson, se perdeu em sua própria assinatura. Assim, o tom do filme é extrapolado a níveis ofensivos, como é o caso da piada com a “sorveteria do infinito”, que basicamente faz uma homenagem a Thanos, o maior genocida do universo e que foi responsável pelo consequente massacre de metade da população de Asgard.
Jane Foster de Natalie Portman como a poderosa Thor foi uma boa adição, mas os temas trabalhados com a personagem são profundos demais para serem desperdiçados em uma bagunça de duas horas de duração. Já que Thor foi amplamente desenvolvido desde sua estréia no UCM em 2011, Jane poderia muito bem ser o foco, ou até mesmo a protagonista. Acaba que o filho de Odin é o elo mais fraco em um longa que leva seu nome no título, pois aparentemente não há mais caminhos interessantes a serem percorridos com ele. Infelizmente, até personagens interessantes como Valquíria e Korg foram subaproveitados, se tornando dispensáveis para a trama.
Gorr de Christian Bale é uma “flor no pântano”, sendo um dos poucos pontos que merecem críticas positivas. Só que até o carniceiro dos deuses interpretado pelo ex-Batman se torna descartável ao se analisar seu potencial desperdiçado. Os efeitos visuais como um todo não são de encher os olhos, mas os figurinos fazem o bom arroz com feijão nórdico. Porém, o que mais decepciona no filme é o uso das músicas da banda Guns N' Roses, que evidencia que Taika não possui o mesmo talento de James Gunn, responsável por Guardiões da Galáxia e O Esquadrão Suicida, ambos filmes que usam muito bem a trilha sonora. História e músicas adicionadas precisam conversar, senão vira apenas marketing barato para atrair fanbases. Thor: Amor e Trovão prova que paródias só são boas quando feitas por terceiros e que orçamento milionário não compensa falta de propósito (chamando o filme de inútil de uma forma educada).
6º lugar - Viúva Negra (2021)
Mais um exemplo de potencial desperdiçado. O filme Viúva Negra não caminha com as próprias pernas e se apoia demais no sucesso de Capitão América: O Soldado Invernal (2014). Existem cenas inteiras que foram totalmente copiadas do segundo filme do Sentinela da Liberdade, mostrando a limitação do projeto e uma certa falta de consideração com a personagem que tinha potencial para ter algo original para chamar de seu. A direção de Cate Shortland é muito básica, mas pelo menos conseguiu entregar algo minimamente aceitável. Infelizmente, a Marvel Studios ainda não conseguiu entregar uma boa obra com protagonismo feminino, evidenciando que nem só de Kevin Feige vive um universo cinematográfico.
Por anos, fãs almejavam um filme ou série protagonizado pela Natasha Romanoff de Scarlett Johansson, que mostrasse seu passado e como chegou a seu posto na S.H.I.E.L.D. O longa inicia dessa forma, mas rapidamente engata uma trama que em linhas gerais serve apenas para inserir novos personagens no UCM. Guardião Vermelho e Yelena Belova são bons personagens, mas sobram em um filme que deveria prezar pela protagonista e seu histórico não apenas familiar, mas também no ramo da espionagem.
Na época de seu lançamento, muito se falou sobre a má qualidade dos efeitos especiais, mas isso é o de menos quando analisado a nível macro. Não se trata de não ter obedecido caprichos de fãs, mas sim de promessas que não foram honradas (sim, estou falando de Budapeste).
5º lugar - Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022)
As coisas começam a se entrelaçar, pois este também é um exemplo de promessas não honradas. A começar pelo subtítulo, pois o multiverso nesse filme foi usado de forma pouco satisfatória e a loucura passou longe. Reitero que não defendo exigências de fanbase, mas a partir do momento que um longa se propõe a trabalhar com um dos conceitos mais absurdos da cultura pop em termos de escala, o mínimo a ser entregue é algo épico, o que não foi o caso. Nem o flerte com horror/suspense empolga, sendo apenas mais um elemento solto e mal usado tipo as músicas do Guns N' Roses em Amor e Trovão.
Wanda Maximoff como vilã foi uma escolha ousada, mas precipitada. Isso se torna algo irônico, já que estamos falando do UCM e seu desenvolvimento em pílulas. Acaba que este filme mostra que boa direção (Sam Raimi) não salva um projeto que conta com problemas embrionários que surgem logo nos primeiros esboços de roteiro. Talvez este longa seja a prova de que a Marvel Studios precisa repensar essa forma quase mecânica de se produzir conteúdo. Com mais um ano de trabalho tanto em roteiro quanto em pós-produção, o segundo filme do Doutor Estranho seria um dos melhores do gênero (tempo extra que é impossível qualquer produção da Marvel ganhar porque a roda não pode parar). Enfim, uma grande aula de como não gerar expectativas.
4º lugar - Eternos
Um filme que dividiu opiniões, mas quando comparado a seus “concorrentes”, se mostra mais sólido, mesmo com as falhas. Eternos assustou os fãs da Marvel por ser inquestionavelmente o projeto mais fora da curva já produzido pelo estúdio. Há quem diga que este é o filme mais DC que a Marvel já fez, sendo Shazam a contraparte mais Marvel produzida pela concorrente. Faz sentido quando se analisado de modo macro que a casa do Batman se constituiu de deuses fingindo ser humanos, enquanto a morada do Homem-Aranha apresenta essencialmente humanos fingindo serem deuses.
Chloé Zhao é uma grande diretora e Eternos só evidenciou isso. É muito difícil conduzir um longa com tantos personagens em tela sem recorrer ao famigerado (e porco!) artifício de roteiro de separar em núcleos (alô série Titans! tô falando de você!). Não é um filme perfeito, já que seu principal problema é o vilão que não foi muito bem definido. O líder deviante Kro é totalmente dispensável e está aqui apenas para preenchimento de tempo de tela.
Mesmo com todas as críticas negativas que tenho a apontar, julgo merecido o quarto lugar por se tratar de um projeto maduro que se comprometeu a sair do básico e entregou justamente isso. O elenco foi muito bem selecionado e os conceitos estabelecidos se mostram com potencial. Quem dera se Eternos fosse o pior filme desta fase. Se fosse, teríamos a melhor etapa da Marvel de todos os tempos.
3º lugar - Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021)
Colocar este filme no terceiro lugar reforça que se trata de um ranking pessoal, pois se levado em conta a opinião geral, o longa do artista marcial da Marvel não estaria entre os melhores. Respeito ao tom estabelecido é algo importante e Shang-Chi faz isso muito bem em seus dois primeiros atos. No terceiro, o longa surta e oferece o espetáculo de sempre do gênero: quilos e mais quilos de computação gráfica jogada na nossa cara.
Mas para mim, isso não tira o mérito do longa, que consegue se destacar dentre as demais tanto por ser uma celebração cultural como Pantera Negra quanto por estabelecer novos elementos interessantes assim como Eternos. Simu Liu e Awkwafina são duas adições muito significativas a esse universo e com certeza vão ter seus trabalhos melhor reconhecidos futuramente em um contexto mais favorável. Outro ponto de destaque é o Mandarim, que é basicamente a reparação de um erro grotesco feito pela Marvel em Homem de Ferro 3 (2013). A vantagem de um universo compartilhado é poder experimentar, errar e se possível consertar.
2º lugar - Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021)
Um dos melhores filmes de super-heróis de todos os tempos não apenas por ser o equivalente a uma final de copa do mundo, mas por ser o grande salvador do cinema mundial (quem sabe um dia eu desenvolva melhor essa tese). Quando Vingadores: Ultimato (2019) foi lançado, um mix de emoções tomou os fãs. Por um lado, satisfeitos com o que lhes foi entregue, mas tristes por terem certeza que algo nas mesmas proporções poderia demorar anos ou até décadas para se repetir. Ninguém esperava que algo como Sem Volta Para Casa chegasse tão rápido.
É um filme apoiado em fanservice, mas a meu ver, é um exemplo de como ser usado como aliado e não como limitador. As voltas de Tobey Maguire e Andrew Garfield foram certeiras, sem roubar o protagonismo de Tom Holland e ainda serviu como desenvolvimento para o Aranha do mesmo. É um longa sincero, que não tem o objetivo de zombar da cara de quem está consumindo, mas sim mostrar que até a indústria capitalista pode proporcionar momentos inesquecíveis e com coração. Nem tenho mais o que falar.
1º lugar - Pantera Negra: Wakanda para Sempre (2022)
Interessante que comecei dizendo que Homem Aranha: Sem Volta Para Casa é um dos melhores filmes de super-heróis já feitos, mas mesmo assim ele ocupa o segundo lugar da fase. Isso porque estou levando em consideração apenas os filmes desta etapa da Marvel e seus respectivos contextos dentro da mesma. Ao se levar em conta a fase isoladamente, o segundo filme do Pantera Negra se mostra o mais consistente, seja em roteiro, direção, efeitos visuais, tom, objetivo e todos os elementos que compõem um longa. Tudo está em harmonia, o que não significa que não apresente falhas, pois nada é perfeito e produções cinematográficas não estão isentas disto.
Foi muito bom ver um filme da Marvel que se leva a sério e não digo isso em referência ao famigerado humor do estúdio. Digo no sentido de ser maduro, sendo nítido todo o esforço para se entregar o melhor material e não apenas mais um capítulo desalmado e industrial do UCM. As homenagens a Chadwick Boseman foram bem colocadas e com certeza emocionaram fãs ao redor do globo. A morte do ator não deve ser encarada como um problema de produção, mas sim uma perda irreparável. Ryan Coogler e todas as pessoas envolvidas fizeram um excelente trabalho.
Namor de Tenoch Huerta é um bom antagonista e para mim toda a adição cultural por trás do personagem só o enriqueceu, tornando esta versão superior a das HQs (obviamente minha opinião). Ainda não é hora para fazer comentários com spoilers, mas apenas digo que os caminhos do roteiro foram bem executados. É um longa protagonizado por pessoas pretas, sobretudo mulheres. Em um contexto de ataques a minorias sociais, o longa vem para ser um respiro dentre tanta homogeneidade. Mas o filme não para no externo, pois conta com uma boa história isolada que também impacta diretamente o UCM. Isso deveria ser o objetivo de todas as obras do estúdio, mas infelizmente não é e talvez nunca seja.
PS: MELHOR. TEASER. DA. HISTÓRIA. DA. MARVEL.
E aí, concorda com meu ranking?

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