Especial: Resident Evil 4
Confere aí!
Quando falamos em terror de sobrevivência, um dos primeiros jogos que vêm à cabeça é Resident Evil, uma das séries mais conhecidas do gênero, influenciada pelo clássico Alone in the Dark. Muitos jogadores parecem ter ficado decepcionados com Resident Evil 4, pois o próprio game fazia menção de que os infectados não eram mais zumbis, a história tomou um rumo diferente e muito da essência dos primeiros títulos da franquia pareceu ter se perdido.
Resident Evil 4, criado pela Capcom e com versão para Playstation 2, leva você até a Espanha em uma missão secreta para resgatar a filha do presidente dos Estados Unidos, Ashley Graham, após ter sido sequestrada por um grupo que, até então, é de caráter desconhecido. Aqui, você assume o papel do agente Leon Scott Kennedy, antes um policial do Departamento de Polícia de Raccoon City e sobrevivente da epidemia causada pela Umbrella Corporation. Leon acaba encontrando um vilarejo onde os habitantes demonstram um comportamento bastante agressivo, dando um jeito de se infiltrar cada vez mais no local e passando por situações turbulentas para localizar o paradeiro de Ashley, em que pessoas e criaturas esquisitas tentam matá-lo a todo custo.
Um outro tipo de vírus foi descoberto e está sendo usado para controlar os habitantes do vilarejo - os Ganados. Conhecido como Las Plagas, o vírus gera uma espécie de mutação, aumentando a resistência dos infectados e transformando partes do seu corpo em bizarrices que mais parecem ter saído de Silent Hill. Porém, ao contrário do T-virus, ele não mata o portador e o traz de volta à vida com alguns de seus extintos mais básicos, nem reduz a sua inteligência. O curioso é que, embora desta vez os infectados não tentem comer a sua carne, aquela sensação de luta pela sobrevivência não desapareceu em Resident Evil 4. No momento de conflito, uma música com uma batucada acelerada começa a tocar, mexendo com o ritmo do jogo, e os ganados emitem sons ameaçadores no seu idioma nativo, expressões como “Matalo!” e “Qué carajo estás haciendo aquí?”, deixando bem claro que você não é bem-vindo.
Quando o jogador acha que está perto de concluir a missão, o tamanho do game parece aumentar. Os mapas são enormes e, à primeira vista, parecem não ter fim. Há castelos, cemitérios, igrejas, labirintos, casas e construções subterrâneas para serem exploradas, onde são encontrados uma boa dose de armadilhas, inimigos e quebra-cabeças que, se não forem solucionados, podem custar a sua vida. O clima do jogo muda frequentemente, ora estando nublado ou chuvoso, ora anoitecendo ou clareando, e a ambientação de alguns lugares por onde você anda chega a ser um pouco “suja” onde não encontramos cenários bonitos e muito coloridos.
Além de um bom arsenal, que também inclui revólver, espingarda, bazuca e armas de choque, é possível usar facas, dar chutes, agaixar, correr e se mover com agilidade ao voltar-se para trás, o que ajuda bastante, pois os inimigos agora estão mais rápidos e aparecem de repente. Por falar em armas, elas podem sofrer upgrades, ficando mais poderosas a cada nível e com uma capacidade maior para armazenar munições, que, como em todo bom survival horror, em um certo momento se tornam escassas, fazendo você escolher bem a hora certa para disparar um tiro. As armas podem ser adquiridas com um mercador misterioso que é encontrado em vários locais diferentes do game.
Um dos pontos fortes são as cinemáticas interativas. Enquanto parte da história é exibida, você pode dar comandos ao personagem para atacar, bloquear ou se esquivar de um golpe. Uma combinação de botões aparece na tela e deve ser feita rapidamente, caso contrário, a interação falha e o personagem pode vir a morrer ou fracassar em alguma ação. Os memorandos também estão de volta, ajudando o jogador a entender melhor os eventos que ocorrem.
As experiências que são feitas com o Las Plagas fez aparecer uma variedade de inimigos que conseguem te dar um pouco de trabalho para cumprir o seu objetivo. Bichos que voam, pessoas que soltam ferrões pela cabeça, uma espécie de aranha gigante com corpo humano e até mesmo um troll são algumas das surpresas que encontramos em Resident Evil 4. A situação fica ainda mais complicada quando Leon precisa proteger Ashley de qualquer ameaça que se aproxime, pois caso ela venha a morrer ou seja capturada outra vez é fim de jogo. Some a isso a velocidade e as armas dos Ganados, que conseguem desviar de balas e carregam serra elétrica, foices e bestas atiradoras, alguns chegando a utilizar escudos. Uma boa notícia é a possibilidade de usar o cenário ao seu favor, atirando em objetos que explodem e acionando armadilhas de propósito para atingir seus inimigos.
Embora dê a impressão de que Leon está sozinho em um local completamente hostil em uma missão suicida para salvar uma jovem garota, outros personagens surgem na história, como o cientista Luis Sera e a belíssima Ada Wong, a mulher de vermelho. Eles enriquecem a história, tornando as coisas mais interessantes, e sempre surgem em um momento inesperado, ajudando Leon ou lhe passando informações, conforme os capítulos vão seguindo. Com relação à Ada Wong, é possível selecioná-la para jogar nos minigames Separate Ways, Assignment Ada e The Mercenaries.
A essência de Resident Evil não se perdeu, mas sofreu modificações. Se olharmos para outros títulos da série, RE 4 segue um padrão parecido de movimentação em terceira pessoa, com a diferença de que a câmera foi posicionada na parte de trás, próxima dos ombros do personagem e, ao atirar, focaliza melhor o alvo, sob uma perspectiva em primeira pessoa. Contudo, ela deixa de capturar partes do cenário e limita a visão ao redor de si mesmo. A mira ficou mais precisa, permitindo que outras partes do corpo dos adversários sejam atingidas, deixando objetos caírem ao acertar suas mãos ou se ajoelhando após atirarmos em uma de suas pernas. A forma de organização e seleção de itens continua como nos títulos anteriores, assim como o salvamento do progresso do jogo.
Acredito que a maior queixa dos jogadores que vêm acompanhando a série desde os primeiros títulos seja relacionada à mudança na história. A série fala de experiências realizadas com armas biológicas, e os primeiros títulos giravam em torno de zumbis. Após mudarem isso, muitos reclamaram que não existia mais aquela sensação de medo ou espanto da época em que lutavam contra os mortos-vivos. Contudo, a proposta inicial se mantém firme, basta lembrarmos do título original do game: Biohazard.