Dragon Ball GT: Boas ideias, péssimas execuções
Se Dragon Ball Z é um exemplo de sequência de sucesso, então Dragon Ball GT é o exato oposto disso. Mas quais são os problemas reais dessa obra? É disso que iremos falar hoje!
Normalmente, uma sequência não costuma fazer o mesmo sucesso da obra original, mas Dragon Ball Z é uma curiosa exceção a esse padrão. O primeiro Dragon Ball fez sim muito sucesso, conquistando uma legião de fãs e mudando o padrão dos animes lançados após seu lançamento em 1986. Ainda assim, é fato que a fanbase de Dragon Ball só realmente se expandiu em um nível global gigantesco com Dragon Ball Z, mas existe uma continuação que também merece ser comentada, uma sequência que contém muito da essência do anime clássico, mas tem uma péssima reputação: esse é Dragon Ball GT.
A verdade é que o foco inicial de Dragon Ball nunca foram as lutas. No começo, tudo era centrado na comédia e também na aventura de Goku e seus amigos em busca das esferas do dragão, o que consequentemente acabavam gerando algumas batalhas. Foi só em Dragon Ball Z que as lutas se tornaram o foco da série, afinal, reunir as esferas já não era mais nenhum desafio para os personagens, então as batalhas contra inimigos superpoderosos foram ganhando cada vez mais destaque, até que se tornaram o principal ponto da saga.
Com o fim de Dragon Ball Z, logo uma nova série animada começou, dessa vez trazendo uma história completamente original - não se baseando em nenhum mangá. O criador da franquia, Akira Toriyama, não teve um envolvimento muito grande nesse anime, criando apenas alguns poucos conceitos e personagens. Dragon Ball GT era uma continuação desnecessária, mas tinha um certo potencial, afinal, Dragon Ball Z deixou um vasto elenco de personagens não muito explorados que poderiam mostrar seu valor na sequência.
Logo em seu começo, DBGT já tomou uma decisão bastante estranha, mantendo Goku como protagonista, mas criando uma história para que ele tivesse novamente o corpo de uma criança. Assim, Goku ficou muito mais fraco do que era no fim de Dragon Ball Z, o que possibilitava que ele lutasse com várias criaturas não tão poderosas, rendendo várias lutas diferentes, mas diminuindo muito a escala de poder que o anime anterior tinha, o que é algo muito problemático para um anime tão focado em lutas.
Mas, surpreendentemente, o foco de Dragon Ball GT não eram as batalhas. Na verdade, a obra se aproximou muito mais do que foi o primeiro anime da série, algo ótimo para os fãs saudosistas, mas que veio em péssima hora, afinal, Dragon Ball já se focava nas batalhas por muitos anos. A primeira saga de DBGT é quase inteiramente centrada na grande aventura de Goku, Trunks e Pan em busca das esferas do dragão, que haviam se espalhado por vários planetas. Algumas boas batalhas aconteceram durante o arco, mas poucas tinham uma proporção pelo menos parecida com as do anime anterior.
Muitos dos personagens amados da série, como Vegeta, Piccolo, Gohan e Goten, foram jogados para escanteio, o que é uma decisão muito estranha, afinal, em uma saga focada na aventura e exploração, um bom grupo de personagens é vital para que a história se desenrole bem. Em outras sagas, alguns desses personagens até têm um pouco mais de destaque, porém está longe de ser como no Z, onde todos tinham seus momentos para brilhar. Tenshinhan, Yamcha, Chaos, Mestre Kame e Kuririn, que mesmo tendo uma boa base de fãs, já eram bem apagados no anime anterior, aqui quase não aparecem.
Com o desenrolar de Dragon Ball GT, alguns ótimos conceitos vão sendo apresentados. Toda a proposta de retorno às raízes, foco nas esferas do dragão e a transformação do Super Saiyajin 4 são ideias ótimas, porém a execução deixa muito a desejar. O retorno às raízes acaba fazendo a trama regredir e o foco nas esferas traz uma grande aventura, mas que quase não tem personagens marcantes. Já a nova transformação, apesar de ser visualmente e conceitualmente incrível, é pouco necessária em batalhas, já que a maioria dos vilões eram fracos demais até para o Goku com corpo de criança, que era muito mais fraco e limitado.
A comédia do Dragon Ball de 1986 também é um elemento que volta no GT, mas não funciona muito bem, pois o anime não consegue se decidir entre o tom sério e o tom cômico, então tenta equilibrar os dois, mas falha nisso também. O próprio Dragon Ball Z já havia tido alguns problemas em equilibrar o tom de trama e de comédia, mas resolveu isso na saga do Majin Boo, o que faz esse problema do GT ser inexplicável. A sensação que fica é a de que não tiveram profissionais muito experientes supervisionando o projeto, o que permitiu que os roteiristas tomassem tantas decisões estranhas.
No fim, pode se dizer que Dragon Ball GT foi uma continuação muito arriscada, que trouxe ideias que mudavam completamente o que já era conhecido e fazia sucesso, mas que infelizmente pecou na hora de executar todos os novos conceitos, fazendo a obra falhar miseravelmente. Existem sim muitas coisas boas em DBGT, ver Goten crescido, Gohan sendo pai e Goku e Vegeta de volta às batalhas é incrível, mas nada disso foi trabalhado de uma maneira que honrasse o seu antecessor e mantivesse a grandiosidade dele.
Hoje, Dragon Ball GT nem sequer é uma continuação que contribui para o universo da franquia, tendo sido substituído por Dragon Ball Super, a nova sequência canônica de Dragon Ball Z. Nessa nova continuação, as batalhas de proporções gigantescas do Z e o humor do anime clássico estão de volta, sendo muito bem trabalhados. Os personagens secundários também voltaram a ter seus momentos de destaque, o que contribuiu ainda mais para o sucesso desse novo anime.
Mesmo com tudo isso, Dragon Ball GT ainda deixou uma grande herança, que é o seu final. Apesar de não fazer parte do canon da franquia, essa conclusão é um dos momentos mais emocionantes de todo Dragon Ball, dando um belo e justo fim para a grande jornada de Son Goku.

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