A quarta geração do K-pop: o que esperar?

Confira uma análise sobre os possíveis caminhos a serem tomados pela nova geração de grupos do K-pop.

10/02/2020 Última edição em 10/02/2020 às 09:09:40

Para aqueles que já acompanham a indústria do K-pop, a divisão periódica de gerações não é nenhuma novidade. Para os que não estão habituados, deixe-me explicar: de tempos em tempos a mídia sul-coreana indica uma transição de estilo, alcance e objetivos que demarcam um certo período da música pop do país. A primeira geração, até o início dos anos 2000, com o surgimento dos primeiros grupos de idol; a segunda geração, até o ano de 2010, fase onde ocorreu a expansão do estilo pela Ásia; e a terceira geração, sobre a qual ainda não se possui um consenso acerca da sua duração (há quem diga que ela já se encerrou e quem ache que ela deve se iniciar pelos próximos dois anos), onde houve o boom de debuts (estreias) de grupos e o avanço da indústria para o ocidente. Vejamos: se esta última demonstra um alcance mundial do gênero, o que restaria para a quarta geração? Vamos tentar entender um pouco do que é esperado!

Durante os dois últimos anos, artistas como BTS e BLACKPINK causaram certo frisson do lado de cá do globo, com turnê milionária, performance no Coachella, aparição em grandes programas da TV norte-americana e atraindo uma nova legião de fãs. Os dois grupos citados, certamente os carros-chefes do K-pop no ocidente, possuem uma característica em comum que pode auxiliar a explicar sua melhor aceitação em relação a outros grupos: a sonoridade ocidentalizada. É claro que a música pop, da forma como a conhecemos hoje, teve sua estruturação nos Estados Unidos, e, portanto, qualquer outro país que a produza trará elementos vistos no pop norte-americano (afinal, mesmo com o crescimento do gênero em outros países, a indústria fonográfica norte-americana ainda é o guia principal para o que se produz nos demais países, ao menos no mainstream). No entanto, musicalmente falando, a proposta do BTS e do BLACKPINK se assemelha ao que a América do Norte consome atualmente, deixando o aspecto de novidade a cargo da performance e do comportamento idol.

(ITZY, grupo formado pela JYP Entertainment)

Apesar disso, com o debut de grupos como ITZY e IZ*ONE, e o crescimento de outros como TWICE e Red Velvet (que apesar de possuírem algumas músicas de trabalho com uma sonoridade mais puramente pop, sem muito “K”, trazem em bastante em seus conceitos e vocais a característica aegyo), as barreiras de sonoridade entre ocidente e oriente parecem sofrer o mesmo processo das barreiras linguísticas: apresentar profundas rachaduras. Com o mercado norte-americano aberto, com a Europa e a América do Sul recebendo constantes turnês de grupos consagrados ou de menor alcance, o K-pop se torna um gênero apreciado não apenas dentro de seu nicho tradicional, mas também por pessoas que nunca tiveram qualquer contato com a cultura da Coreia do Sul.

É esperado, então, que os grupos da quarta geração já debutem com os olhos voltados para o ocidente, com um próximo objetivo óbvio para a indústria: a consolidação do K-pop como um gênero a ser consumido popularmente. Enquanto grandes empresas como a SM, BigHit e YG (além da JYP, de maneira mais tímida, talvez por conta do fiasco da carreira ocidental do falecido Wonder Girls) já avançam com seus projetos para os lados de cá, as pequenas já fazem alguns testes e projeções. O Brasil mesmo é grande palco disso, com grupos de pouco sucesso na Coreia do Sul realizando turnês em nosso país, performando em diversos estados.


(IZ*ONE, grupo formado através do survival show "Produce 48")

É possível, portanto, que a quarta geração do K-pop acabe finalmente consolidando o estilo pelo ocidente, sem necessariamente se render a estilos e sonoridades de fácil consumo, mas retomando o tipo de música que fez grupos como Girls’ Generation, Super Junior, KARA, entre outros, se tornarem ícones de sua geração. Resta agora esperar e olhar de perto os próximos passos em direção às portas abertas durante os últimos anos. 




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