A moda de trazer o passado de volta ao presente

Nos anos 70, 80 e 90, gigantes franquias do cinema surgiram: Star Wars, Rambo, Alien e Indiana Jones são apenas algumas delas. Na época, sequências de filmes que faziam sucesso eram lançadas aos montes e algumas franquias sofreram bastante com isso. Sexta Feira 13, Halloween e O Massacre da Serra Elétrica são ótimos exemplos disso, afinal, essas sagas começaram tendo roteiros minimante coerentes, mas depois foram recebendo tantas sequências que a continuidade e coerência dos filmes parecia nem existir mais.

Com tantas sequências meia-boca sendo lançadas constantemente, gradualmente, o público foi perdendo o interesse por continuações, o que fez com que cada vez menos delas surgissem. Assim, várias franquias queridas do público ficaram livres do risco de serem estragadas por continuações de baixa qualidade, porém, alguns queridinhos do cinema também foram para geladeira, deixando uma legião de fãs bastante descontentes e clamando por novos filmes.

No começo dos anos 2000, a tendência de fazer Remakes e Reboots de clássicos foi se popularizando bastante, então várias das franquias que acabaram se perdendo no passado receberam uma nova chance de mostrar seu valor. Assim, diversas grandes sagas mostraram que ainda tinham um grande apelo popular, o que começou uma onda gigantesca de “ressurreições” no cinema. Nesse tempo, os super-heróis voltaram fortes com a nova trilogia do Batman, mas várias franquias, como Karatê Kid e Conan, o Bárbaro não se deram muito bem nessa onda de ressurreições.

Hoje, vemos constantemente filmes antigos chegando ao cinema de alguma nova forma. Alguns são releituras completas do filme original, outros se passam naquele mesmo universo, mas contam outras histórias, trazendo novos personagens e tramas. Já alguns recomeçam todo universo da sua franquia, mas também há aqueles que apenas desconsideram os piores filmes de sua saga, funcionando como uma espécie de sequência parcial. Obviamente, também são lançadas continuações de filmes clássicos, como foi feito com Star Wars e Rambo. 

Para algumas franquias, ressurgir no cinema pode não ser tão bom, afinal, alguns filmes foram feitos para nunca receberam uma sequência, ou tiveram uma boa conclusão em sua continuação. Também há sagas que até têm espaço para continuar, mas por terem um vasto universo com muitos tipos de histórias que podem ser contadas, acabam não se dando muito bem com continuações. Em sagas assim, os fãs criam uma expectativa bem específica de como serão os próximos filmes, e normalmente acabam se decepcionando quando o roteiro da continuação não explora o que ele gostaria de ver.

Hoje, o personagem Rocky Balboa é extremamente popular, mas não por ainda protagonizar novos filmes de sua franquia, mas sim graças ao seu derivado, Creed, que é ambientado no universo de Rocky, mas tem uma nova história e um novo protagonista. A série Cobra Kai, derivada de Karatê Kid, segue essa mesma linha, mostrando a vida de Johnny Lawrence mais de 34 anos após os eventos do primeiro filme, dando uma nova perspectiva para os eventos que já conhecíamos e mostrando o surpreendente futuro dos personagens já apresentados.

Atualmente em Hollywood, não faltam sequências de clássicos sendo planejadas. Até um possível Máquina Mortífera 5 está em discussão, e os planos para ele parecem ser o de continuar a história com o elenco original, o que deve ser um prato cheio para os fãs, mas uma péssima ideia para sua saga, já que manter uma franquia presa ao mesmo enredo por mais de 30 anos não é nada saudável. O mínimo que poderiam fazer é uma história que fugisse muito da que vimos nos filmes anteriores, o que infelizmente não parece ser o que está sendo acontecendo. 

No fim, essa moda de trazer os clássicos de volta pode prejudicar algumas obras, porém, é ótima para apresentar franquias gigantescas do passado à uma nova geração e continuar de forma digna filmes que não receberam, ou tiveram sequências muito ruins. Desde que os realizadores por trás dessas produções saibam contar novas histórias dentro de sagas já existentes, sem ter nenhum  medo de inovar e trazer novas ideias, essa tendência pode continuar por muito anos, mas também não podemos esquecer que o cinema também precisa de novas franquias.