Por onde anda: Dead Island 2

Quarto jogo da franquia pós-apocalíptica foi revelado durante a E3 de 2014 e, até hoje, pouco se sabe sobre o verdadeiro estado de seu desenvolvimento.

31/05/2019 Última edição em 31/05/2019 às 11:25:45

Quando eu falo em Duke Nukem Forever, o que te vem à cabeça? O jogo de ação, que detém o recorde no Guiness de desenvolvimento mais longo na história da indústria dos games, demorou 14 anos para chegar às lojas após ser anunciado lá na E3 de 1997. Entre disputas legais, problemas financeiros e mudanças de motor gráfico, o desenvolvimento de Duke Nukem Forever se transformou em uma epopeia que ilustra perfeitamente tudo o que pode dar errado durante o desenvolvimento de um jogo. No entanto, em meio a uma recepção negativa e vendas que não cumpriram as expectativas da publisher Take-Two Interactive, DNF proporcionou aos jogadores a chance de renovar suas esperanças. Afinal, mesmo depois de todos os empecilhos que adiaram o lançamento do game em mais de uma década, a equipe nunca desistiu do projeto, por mais que a própria desenvolvedora 3D Realms tivesse dado Duke Nukem Forever o status de ‘Cancelado’ em certo ponto.

Todo ano, dezenas de jogos são anunciados durante grandes feiras como a própria E3, a PAX e a Gamescom. São trailers, demos jogáveis, versões de testes, vídeos de gameplay e muitos outros gostinhos que os desenvolvedores dão aos fãs para aumentar a expectativa para o lançamento. Em alguns casos, as desenvolvedoras optam por uma estratégia mais conservadora, evitando entrar em detalhes sobre o produto final e dando somente uma estimativa para o lançamento do jogo. Em outros casos, promessas sobre promessas são feitas, e, no final, ou o game chega às prateleiras incompleto, infestado de bugs e com boa parte do conteúdo prometido ausente, ou a data de lançamento inicialmente estipulada acaba sendo jogada para frente, ou simplesmente anulada, condenando o projeto a viver em um limbo de desenvolvimento que perdura por anos, em uma angustiosa espera por novidades que podem representar uma retomada do projeto, ou seu cancelamento definitivo.

Em 'Por Onde Anda', a nova série aqui da Blast!, eu vou explorar esse universo de jogos que, um dia, já foram alvo de promessas e expectativas e que hoje vivem nas sombras, sob o anonimato de seus sites cobertos pela areia do tempo, eventuais renovações de propriedade intelectual e, por vezes, curtos tweets de desenvolvedores que acalmam os ânimos dos fanáticos mais teimosos, que cismam em acreditar em um final feliz para o ciclo de desenvolvimento dos jogos conhecidos como vaporwares.

O Anúncio

Assim como acontece em muitos casos de games vaporware, no início, tudo parecia ir muito bem para a equipe por trás de Dead Island 2. Depois do lançamento de Dead Island em 2011 e do spin-off Dead Island: Riptide, em 2013, a empresa alemã Yager Developments assumiu o posto da desenvolvedora polonesa Techland, que decidiu seguir seu próprio caminho e trabalhar em Dying Light junto à Warner Brothers. Com o sucesso do primeiro jogo da franquia Durante a conferência da Sony na E3 de 2014, o segundo jogo da série principal da franquia não só foi anunciado, como ganhou um trailer em CGI. Assim como o trailer do primeiro Dead Island, que foi premiado no festival de Cannes na categoria filme publicitário, o trailer de Dead Island 2 chamou bastante a atenção pelo belo visual e por sua minitrama, ainda que estes aspectos não representassem qualidades do produto final. Confira abaixo os trailers de Dead Island 2 e de Dead Island, respectivamente.

Além do anúncio da continuação da saga Dead Island e do trailer com belos visuais e um toque de humor, o jogo ganhou ainda uma previsão de lançamento durante o evento: 2º trimestre de 2015. Se isso não fosse o bastante para animar os fãs da franquia pós-apocalíptica, a Deep Silver e a Sony fizeram uma parceria para trazer uma versão beta de Dead Island 2 exclusivamente ao PS4, que ficaria disponível por 30 dias para aqueles que quisessem se divertir dando tiros e pauladas em zumbis em um dos lugares mais icônicos do planeta: a Califórnia, lar de jogos como Grand Theft Auto V e Fallout: New Vegas. E, a partir daí, o hype só foi aumentando.

O Hype

Nos meses seguintes, Dead Island 2 fez aparições em duas feiras de jogos. Em Agosto, a feira de jogos alemã Gamescom serviu de palco para a Yager e a Deep Silver revelarem os primeiros cinco minutos de gameplay do novo título. No mês seguinte, na EGX, a Yager trouxe ao público mais gameplay de Dead Island 2, incluindo detalhes sobre o produto. Durante esses dois eventos, foi revelado que Dead Island 2 se passaria nas cidades de São Francisco, Los Angeles e outras regiões do estado da Califórnia, em um mapa repleto de cores vibrantes e referências a pontos turísticos do mundo real, como o letreiro de Hollywood e a famosa Venice Beach, já mostrada no primeiro trailer do jogo. Ainda de acordo com a equipe da Yager, o novo jogo pós-apocalíptico seria muito mais dinâmico do que seus antecessores, com zumbis que quebram portas, uma história sem fim e um multiplayer que expandiria a fórmula tradicional da série de um grupo de até 4 jogadores para um grupo com até 8 players trabalhando em conjunto, além de novas armas e modificações, novos zumbis e um novo sistema de crafting instantâneo. Assista ao primeiro gameplay de Dead Island 2 abaixo.

De Setembro de 2014 em diante, os esforços da Yager estiveram voltados para o término do desenvolvimento de Dead Island 2. Com o fim do prazo inicial de lançamento do jogo se aproximando e nenhum sinal de uma data de lançamento específica, um adiamento da chegada de Dead Island 2 às lojas não seria surpresa para ninguém. E foi justamente isso que aconteceu em Abril de 2015. Em um anúncio oficial, a desenvolvedora Yager afirmou que estaria adiando o lançamento do novo game da franquia de apocalipse zumbi para 2016. O motivo, segundo a empresa, seria a necessidade de tempo adicional de desenvolvimento para polir o game. “Nós estivemos dando uma boa olhada no jogo, e decidimos que ainda não alcançamos o objetivo que estipulamos. Por causa disso, decidimos adiar o lançamento de Dead Island 2 para 2016”, afirmou em nota.

A grande surpresa, no entanto, ainda estava por vir. No dia 14 de Julho de 2015, a Deep Silver anunciou oficialmente o desligamento da Yager do desenvolvimento de Dead Island 2, sem fornecer aos fãs nenhum motivo específico que tivesse levado a publisher a cortar a desenvolvedora alemã do projeto. Foi só com a resposta dada ao anúncio pelo diretor administrativo da Yager, Timo Ulmann, que uma razão para a separação entre as duas partes foi estabelecida. De acordo com Ulmann, “as visões da Deep Silver e da Yager sobre o projeto se desalinharam, o que levou a essa decisão [de cortar a Yager do desenvolvimento do game]”.

A Queda

Foi então que a coisa começou a ficar feia para Dead Island 2. Com a data de lançamento adiada, o projeto parado no meio do caminho e a desenvolvedora responsável saindo de cena, era cada vez mais difícil acreditar que Dead Island 2 voltaria aos holofotes tão cedo. Entre agosto de 2015 e fevereiro de 2016, a conta oficial do jogo no Twitter ficou praticamente inativa, sem fazer qualquer postagem relativa ao estado do jogo, deixando os fãs da franquia no escuro por quase um ano. Foi somente no dia 10 de Março de 2016 que a Deep Silver voltou a se manifestar acerca de Dead Island 2, dessa vez com boas notícias. Após oito meses de incertezas, a produtora revelou que o desenvolvimento de Dead Island 2 estava de volta aos trilhos, sob o comando da Sumo Digital, que já havia trabalhado, no passado, em jogos como Little Big Planet, Crackdown e Forza Horizon 2.

Contudo, tão rápido quanto foi o retorno de Dead Island 2 aos olhos do público, foi sua saída. Pouco tempo após o anúncio, a Deep Silver voltou sua atenção ao lançamento das versões remasterizadas de Dead Island e Dead Island: Riptide, incluídos no pacote Dead Island: Definitive Collection junto ao sidescroller Dead Island Retro Revenge. Com as redes sociais focadas na promoção do “novo” lançamento, que ocorreria em 31 de Maio, a mítica promessa que era Dead Island 2 acabou caindo, novamente, no esquecimento, sendo relegada a poucos tweets cá e lá que aquietavam os fãs mais perseverantes, e se limitavam a assegurá-los que o desenvolvimento de Dead Island 2 ainda estava em curso, e que novas informações seriam disponibilizadas na hora certa.

Essa hora, todavia, até hoje não chegou. Há mais de três anos a desenvolvedora Sumo Digital tomou as rédeas do desenvolvimento do game pós-apocalíptico, e hoje, em 2019, Dead Island 2 segue como um grande ponto de interrogação no currículo da Deep Silver. As únicas pistas que temos, atualmente, sobre o desenvolvimento do jogo, fora as ocasionais postagens da produtora nas redes sociais, são uma declaração dada pelo CEO da THQ Nordic (dona da Deep Silver), o início da pré-venda do game no Xbox One e os rumores que sugerem uma segunda troca de comando no projeto.

A Esperança

Em um tweet postado em Dezembro de 2018, desde então já deletado, o ex-Yager Jan David Hassell levantou a possibilidade de que uma terceira desenvolvedora estaria trabalhando em Dead Island 2. De acordo com Hassell, a nova empresa por trás de Dead Island 2 seria a britânica Dambuster, de Homefront e Quantum Break. Como tudo são rumores, e o próprio Hassell admite ter perdido contato com o projeto após a separação entre a Yager e a Deep Silver em 2015, é preciso ter cuidado ao lidar com as afirmações feitas pelo designer, que hoje trabalha na DICE. Embora sua postagem tenha sugerido um afastamento da Sumo Digital do desenvolvimento de Dead Island 2, a informação não foi confirmada nem pela Dambuster, nem por nenhuma das empresas envolvidas na produção do game.

Mas não é só de sofrimento e revezes que vive Dead Island 2. No mês passado, durante uma apresentação financeira, o CEO da THQ Nordic Lars Wingefors revelou que o game ainda está em desenvolvimento e que os fãs deveriam ficar atento para novidades. O discurso não soou muito diferente do que vinha há anos sendo proferido pela Deep Silver, mas, vindo do CEO da empresa responsável pela marca, eram palavras que poderiam ser levadas mais a sério pela comunidade. E deveriam. Poucos dias depois, surgiu a notícia de que Dead Island 2 estava disponível para pré-venda na Microsoft Store para os usuários do Xbox One, com data de lançamento marcada para 31 de Dezembro de 2019 (data provavelmente provisória). Para um jogo que parecia estar quase morto há poucas semanas, estas duas notícias podem ser as faíscas que reacenderão a chama nos adeptos da franquia e voltarão a aquecer a esperança de que Dead Island 2 seja reapresentado ao público, retornando, de vez, ao rol de lançamentos do mundo dos games.

Pré-venda de Dead Island 2 só se encontra disponível na versão norte americana da Microsoft Store

Este ano, a saga aparentemente interminável que é o desenvolvimento de Dead Island 2 completa cinco anos de idade. Desde o anúncio na E3 de 2014, até hoje, foram muitas as reviravoltas na história de um jogo que tinha como objetivo não só manter viva, como também trazer novos ares a uma franquia que por si só foi revolucionária dentro de seu gênero. No entanto, o que começou como grande promessa acabou como uma lenda, sobre a qual pouco se ouve atualmente no que toca a notícias factuais. Daqui a poucos dias, será dada a largada à E3 2019, que promete trazer grandes novidades para o mundo dos games, incluindo informações sobre a próxima geração de consoles, e tanto a Deep Silver quanto a THQ Nordic estarão presentes em Los Angeles. Será que o pessoal por trás de Dead Island 2 estaria guardando uma surpresinha para os fãs de um game perdido no limbo da produção eterna? Ou será que teremos de esperar mais alguns meses - ou anos - até que o jogo de fato ressurja das profundezas do vale dos vaporwares?

O que achou do novo quadro aqui da Blast!? Deixe sua opinião aqui embaixo nos comentários, e fique atento para mais capítulos de 'Por Onde Anda'!




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