Entenda (ou não) o FINAL de Evangelion

A Netflix fez um lindo favor para nós disponibilizando em seu menu EVANGELION. Mas se você, como muitos não entende o FINAL do anime, vem como a Blast que vamos explicar (ou não) tudinho...

13/07/2019 Última edição em 15/07/2019 às 17:17:35

Primeiro, nós já falamos aqui sobre Evangelion. Então, dá uma lida antes, porque aqui é SÓ SPOILER!

http://redeblast.com/post/evangelion-se-voc-no-viu-voc-tem-que-ver

http://redeblast.com/post/como-prometido-a-netflix-vai-entregar-um-classico-dos-animes-aos-fas-em-junho

Bom, agora que você já leu as nossas matérias anteriores e, CLARO, já assistiu o anime, vamos nessa.

A Netflix fez um favor para todos nós quando disponibilizou em seu sistema Evangelion. Claro que você já ouviu falar ou no mínimo assistiu (ainda que estarrecido) este anime, se você for uma pessoa muito curiosa com toda certeza deve até ter procurado os mangás.

Mas a verdade é que todos nós, tanto aqueles que gostam do anime, como aqueles que não gostam do anime, somos unanimes ao dizer que o final da série é bem denso, para não dizer complicado.

Talvez você tenha até mentido para seus amigos, dizendo que entendeu de forma completa o final, que os últimos dois episódios do anime fizeram total sentido. Tudo bem, sabemos que você está mentindo.

Então, para você que não entendeu nada do final, para você que vive dizendo que entendeu o final e para você que ADMITE que não entendeu bulhufas, vamos ao que interessa, vamos explicar aqui, se é que conseguiremos, o final de EVANGELION.

UM CLÁSSICO DOS ANIMES

Mas antes de começar quero deixar claro que vamos falar sobre o ANIME aqui, deixaremos o filme para uma outra matéria, ok? Aliás, se você está pensando em “fugir” do episódio final de Evangelion, porque acha que não vale a pena, bem, acreditamos que isso seja um equívoco.

Sem mais delongas, vamos lá.

No decorrer da série temos pinceladas do que será apresentado no final. Isso acontece porque vamos aos poucos sendo apresentados ao PROJETO DE INSTRUMENTALIDADE HUMANA.

Este projeto prevê que todos os seres humanos, através de um novo impacto, se tornem novamente apenas um, com uma única consciência, um ser superior, que poderia inclusive superar o que se entende por Deus.

Enquanto a Instrumentalidade acontece, os capítulos finais ficam bastante introspectivos e, lembrando do enfoque nos problemas pessoais, os personagens são confrontados por seus próprios traumas e motivações de vida.

Pois, devemos lembrar, o final é muito mais difícil que o começo, o final do anime busca trazer ao telespectador uma solução e para isso é preciso trazer solução aos personagens, o que implica em colocá-los em situações nas quais eles serão forçados a se “resolverem”.

Para Asuka o seu maior trauma é gerado em decorrência da sua insegurança, produzida por sua mãe, bem como seu medo do fracasso. Para Misato há uma grande frustração ou ainda decepção quanto ao seu pai bem como os sentimentos que sente em face de Shinji. Para Shinji é o isolamento mental que ele mesmo criou para evitar se machucar devido à morte da mãe e ao abandono do pai (Dilema do Ouriço).

No último capítulo o Shinji retoma um pensamento que o persegue desde o início: não fugir. Lembramos que ele passa o tempo todo no anime pensando em não fugir, sendo que inclusive chegou a fugir, mas percebeu que é incapaz de fazê-lo, pois o seu destino está intimamente ligado ao dos EVA’s.

Isso se aplica para ele mesmo e para as pessoas ao seu redor.

ÚLTIMO ANJO?

Durante o confronto com o último Anjo, que tinha como objetivo a destruição global, Shinji é apresentado a versões alternativas de sua vida, mas, ao final, escolhe ser ele mesmo. O confronto é mental e “figurado” por pessoas que o rodeiam. É preciso dizer que o Anjo Final apenas permite que Shinji tenha uma escolha porque, de alguma forma, os dois estabelecem um laço de amor extremamente forte, que no final, irá decidir a vida humana.

Ao final, o Anjo força Shinji a executá-lo e lhe dá um direito, o de escolher o destino da humanidade. Para isso Shinji entende que precisa aprender a amar a si mesmo, apesar de tudo o que aconteceu na sua vida, e deixar que os outros se aproximem.

A escolha de Shinji reflete a sua conclusão óbvia, que ele precisa superar a sua depressão e aceitar quem é de forma clara.

É certo entender que Shinji possui uma grave depressão, que o faz se sentir sempre inferior, reduzido, triste, angustiado e totalmente impotente diante dos outros e de si mesmo. O último capítulo pode ser entendido como um momento de reviravolta do personagem, quando ele, através da ajuda de todos os que o rodeiam, através de uma coragem reunida lentamente, é capaz de entender sua situação e aprender a lidar consigo mesmo e, consequentemente, com seu isolamento decorrente da sua depressão.

Numa sociedade como a brasileira talvez seja difícil de entender isso, aqui vivemos em conflito porque o mundo é paternal, mas nosso estilo de vida é maternal. Os estrangeiros não são capazes de compreender como tratamos diversos assuntos, mas a verdade é que os brasileiros entendem de forma menos gravosa sua vida, levando menos à sério situações graves, o que de certa forma ajuda a aliviar a tensão que poderia causar uma epidemia de depressão, por exemplo.

Mas na sociedade japonesa, onde as pessoas pedem desculpas ao se tocam em qualquer parte do corpo das outras, os funcionários de mercado tem que pegar o troco numa bandeja, é fácil entender porque o anjo (apóstolo) ficou com pena ao ver Lilith onde esperava Adão e decide que a raça humana deve sobreviver.

A VERDADE POR TRÁS DA VERDADE

É preciso entender que existem motivos para o final ter sido dessa forma.

O orçamento apertado para os últimos episódios fez com que a equipe precisasse encontrar alternativas mais baratas na animação.

Outra razão é que Hideaki Anno, o criador de Evangelion, não havia escrito um final para a história e ela precisava acabar, por isso, existem finais diferentes e os filmes que foram lançados após o término da série dão contextos e perspectivas diferentes.

Por fim, gostaria de ressaltar que Anno sofreu com depressão clínica por muito tempo e isso se reflete na história de Neon Genesis Evangelion, já que escrever sobre isso o ajudava. Ao abandonar a narrativa lógica e entrar na mente de Shinji, Anno pode explorar os pensamentos difíceis, pesados e assustadores que uma pessoa com depressão tem, e o final é como uma luz no fim do túnel, quando ele escolhe a vida, o amor e a amizade.

Assim, o final busca não uma solução material e fática “para o fim do mundo”, mas procura uma solução filosófica que trará não apenas enriquecimento e meditação aos que assistem, como trará um pouco de alento aqueles que buscam um alivio em suas dificuldades diárias, afinal, se até mesmo Shinji foi capaz, num momento de “empoderamento” escolher ser ele mesmo, escolher a sua realidade ao invés de viver num mundo que não existe, é claro que você também é capaz.

Por isso, podemos dizer que o final, do anime, é isso! Isso o que? O direito de um único ser humano escolher a sua própria realidade e a viver.




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